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A Engenharia Civil é uma das mais antigas engenharias da humanidade. Além disso, o setor da Construção Civil tem importância estratégica na economia do país, pois promove iniciativas que sustentam o desenvolvimento econômico e social do Brasil. A presença da mulher na Engenharia Civil tem crescido ao longo dos anos e, justamente pela sociedade estar embasada em conceitos ainda patriarcais (machistas), faz-se necessário estudar esse assunto por sua relevância.

A cada dia mais a mulher conquista a equidade no mercado de trabalho, e em uma das áreas historicamente dominadas pela presença masculina, a de construção civil, elas também ganharam relevância e espaço, romperam barreiras superando preconceitos e dificuldades, entre 2007 e 2018 correspondendo um aumento de 120% na sua presença no setor, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com esse crescimento temos um resultado da expansão da construção civil no Brasil nos últimos anos em 2021, o PIB do segmento cresceu 8%, conforme o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com isso, a necessidade de profissionais também cresceram e novas oportunidades surgiram para o público feminino, que tem agarrado a chance de se tornar cada vez mais presentes nos canteiros de obras.

Atualmente, as mulheres tem atuado nas mais diversas atividades da construção civil. São engenheiras e arquitetas, mas também pedreiras, serventes, carpinteiras, ajudantes de obras, técnicas em edificações e segurança do trabalho, entre outras funções. E, por serem, em geral, bastante detalhistas, possuem um olhar crítico e atencioso e estão sempre focadas e com tantas qualidades, tem se destacado pela eficiência no serviço prestado.

Qualificação profissional constante

Em média, essas profissionais dedicam um tempo maior em qualificações e capacitações. Apesar de ainda serem minoria nos cursos de engenharia civil, esse cenário tem mudado ao longo dos anos. Em um âmbito geral, enquanto os homens possuem um tempo médio de estudo de 7,9 anos, as mulheres apresentam 8,1 anos, segundo o IBGE. Outro ponto importante é que muitos homens ingressam no ramo da construção civil por falta de opção, ao contrário, as mulheres o fazem para buscar oportunidades de uma melhor remuneração, benefícios e segurança, bem como para fugir de funções tradicionalmente ocupadas por esse público, combatendo, assim, a discriminação. Buscando cada vez mais, formações, capacitações, mudando o olhar de muitos de que “As Mulheres, são o sexo frágil”, mostrando que são capazes de realizarem grandes coisas e que o canteiro de obras também é seu lugar.

Mulheres que mudaram a história da Construção Civil

Esse avanço da presença feminina no setor é resultado de muitos anos de luta por reconhecimento, com isso, listamos seis mulheres que revolucionaram a história da construção civil:

1. Emily Warren Roebling (1872)

Quando seu marido adoeceu e não pôde mais fazer parte do projeto, Emily Warren Roebling ocupou seu lugar e tornou-se a engenheira-chefe na construção da Ponte do Brooklyn, uma das maiores construções da época. Destacou-se por sua inteligência e liderança.

2. Edwiges Maria Becker Hom’meil (1917)

Edwiges foi a primeira engenheira civil do Brasil, formada pela Escola Politécnica da UFRJ. Foi ela quem abriu caminho na profissão para muitas outras mulheres.

3. Enedina Alves Marques (1945)

Além de ser a primeira engenheira do Paraná, ela também se destacou por ser a primeira mulher negra a se tornar engenheira no Brasil. Formada pela UFPR no ano de 1945, Enedina participou do projeto da Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza – maior central hidrelétrica subterrânea do sul do país.

4. Patrícia Galloway (2003-2004)

Patrícia destacou-se por ter sido a primeira mulher presidente da Sociedade Americana de Engenheiros Civis, em 152 anos de história. Dona de vastos conhecimentos na área e autora de diversos livros sobre engenharia civil, ela foi nomeada pelo presidente George W. Bush como membro do US National Science Bord, de 2006 a 2012.

5. Deise Gravina (2007)

Mais conhecida como “Engenheira Social”, Deise foi a idealizadora do Projeto Mão na Massa, que desde 2007 já capacitou mais de

1.200 mulheres a trabalharem na construção civil. A engenheira identificou que havia a necessidade de oferecer mais oportunidades ao público feminino para que pudessem aprender técnicas da profissão e, assim, entrar nesse mercado.

6. Alaize Elizabeth Reis (2018)

Fundadora do Instituto Feminino de Engenharia (IFE) – primeira entidade de classe formada por mulheres engenheiras. O projeto surgiu com o objetivo de impulsionar o crescimento do setor e apoiar a ocupação dos espaços pelas mulheres nas mais diversas áreas da construção civil.

Essas são as histórias de algumas das mulheres que deixaram suas marcas no que diz respeito à presença feminina na construção civil.

Desafios para avançar e seus avanços

Os avanços são claros, afinal, já são mais de 200 mil mulheres no setor, de acordo com o Painel da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2020, do Ministério do Trabalho. Porém, o preconceito e a falta de espaço no mercado de trabalho persistem. Em 2015, elas respondiam por 30,3% das matrículas em cursos de engenharia civil, mas somente 26,9% conseguiram espaço no mercado. Nesse sentido, é preciso melhorar a mentalidade dos empregadores do setor sobre a capacidade, a formação e as vantagens de se aumentar o número de mulheres nos canteiros de obras. Além disso, deve-se adotar processos seletivos com foco no potencial, na capacitação profissional e no valor que elas podem agregar à empresa.

Observamos que atualmente muitas empresas tem buscado ter sempre mão de obras femininas, promovendo projetos, ações diretamente realizadas por mulheres, podemos ter como exemplo:

  • A Linha 6 do Metrô de São Paulo, onde é o maior projeto de infraestruturas em desenvolvimento na América Latina. Em sua fábrica de aduelas, sendo 70% mulheres, e isto já sendo um símbolo de compromisso da ACCIONA com a integração da mulher na construção.

Como contribuir para mais inclusão?

Existem diversas organizações que atuam na capacitação e inclusão de mais mulheres na construção civil. Costurar parcerias com essas entidades também pode contribuir enormemente para o processo de inclusão. Ademais, é essencial preparar o ambiente para recebê-las, vestiário feminino, uniformes e equipamentos de segurança, além de trabalho com enfoque na conscientização sobre o respeito às mulheres podem ser diferenciais da empresa. E, após a sua integração, cabe incentivá-las a seguirem se capacitando e valorizar os serviços por elas prestados tendo assim, uma grande evolução no crescimento da empresa e o numero de mulheres no ramo.

Investir em capacitação, ações que envolva as mulheres no ramo, possuir algum projeto dentro da empresa que seja todo movido por mulheres. Dessa forma, terão ainda mais avanço e uma devida inclusão, podendo aproveitar o desempenho e desejo de sempre dar o seu melhor como profissional, sendo reconhecida por sua capacidade, talento e formação. Podemos concluir que as mulheres no canteiro de obras, fazem toda diferença.

Vitória Santos Do Nascimento

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